Arteterapia na Readaptação Profissional

Por: Maria Luiza Gava Schmidt – Psicóloga, Psicodramatista, Arterapeuta, Doutora em Saúde Coletiva pela FCM /UNICAMP. Pós Doutora em Saúde Pública pela FSP/USP. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia junto a Faculdade de Ciências e Letra s- Unesp, Câmpus de Assis.

A Arte (do Latin Ars, significa técnica e/ou habilidade) nasceu há aproximadamente 25 mil anos e varia de acordo com a época e a cultura. O efeito terapêutico da arte no ser humano é reconhecido desde tempos imemoriais. Por sua vez, a Arteterapia “tem como estrutura básica as teorias da Psicologia, como a Psicanálise, a Psicologia Analítica, a Gestalt-terapia, a Transpessoal, dentre outras abordagens (Carneiro, 2014, p. 39).

Tomando como referências as concepções de alguns autores, procuramos neste tópico conceituar Arteterapia, mas de antemão concordamos com Phillipini (2008) de que difícil é delimitar o conceito. E, embasada nas concepções dessa autora, para iniciar, podemos dizer que Arteterapia é, “uma terapia através da arte, e essa arte é plena de todas sua grandeza, apresenta-se através de todas as suas infinitas possibilidades de expressão, é também uma ação terapêutica que é abrangente, holística e sobretudo transdisciplinar” (PhilippinI, 2008, p. 13).

A utilização do recurso artístico, seja ele qual for, desperta uma mobilização interna, que aos poucos vai se configurando e dando forma a tudo aquilo que estava indiscriminado e oculto. Por estar sustentada na ação criadora, a Arteterapia se torna “um passo viável, visível e objetivado que possibilita aproximar elementos ou realidade ocultas (inconscientes) à dimensões mais acessíveis de serem compreendidas, facilitando a conscientização dos mesmos” (Urrutigaray, 2011, p. 27).A expressão criativa propicia o autoconhecimento, “o que facilita o ego, que é o centro da consciência, a ter uma nova dinâmica na relação com o mundo extrapsíquico e intrapsíquico (Brasil, 2013, p. 84).

A Arteterapia se concretiza como método que possibilita, mediante diferentes técnicas expressivas (pintura, escultura, música, desenho, teatro, dança, modelagem, escrita, etc.), a comunicação com o inconsciente e a liberação de conteúdos cuja revelação verbal é difícil.

Nossa experiência com a utilização da Arteterapia com trabalhadores readaptados tem revelado que essa metodologia contribui para promover a melhoria da inserção socioprofissional. Mediante atividades artísticas e expressivas verificamos que a exteriorização de conteúdos emocionais, sentimentos, desejos e efetivação de processos de expressão e o autoconhecimento auxiliam na ressignificação com o trabalho.

As experiências com a utilização da Arteterapia com trabalhadores readaptados podem ser encontradas no livro de nossa autoria: Arteterapia sociopsicodramática na readaptação profissional: aspectos teóricos e metodológicos (Schmidt, 2017).

Apresentamos numa imagem uma pintura coletiva produzida por um grupo de trabalhadores readaptados intitulada: “Caminhos da Readaptação Profissional”.

Referências

Brasil, C. Cores, formas e expressão: emoção de lidar e Arteterapia na clínica yunguiana. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2013.

Carneiro, C. Criatividade e cérebro- um jeito de fazer Arte Zen. 3ª edição. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.

Phillipini, A. Para Entender Arteterapia: Cartografias da Coragem. 4ª edição. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008.

Schmidt, M.L.G. Arteterapia sociopsicodramática na readaptação profissional: aspectos teóricos e metodológicos. São Paulo, Ltr, 2017.

Urrutigaray, M. C. Arteterapia- a transformação pessoal pelas imagens. 5ª Edição. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.

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